3 de dezembro de 2010
às
02:46
Uma das maiores escritoras de contos vampirescos, Anne Rice, falou em uma recente entrevista sobre Twilight e o trabalho de Stephenie Meyer. Já haviamos mostrado o vídeo aqui e agora temos a entrevista em que ela da seu ponto de vista quanto a castidade de Edward, vampiros indo ao segundo grau e a vida de Bella. Confiram.
Você tem uma opinião sobre a forma como Twilight serve às crenças mórmons de Stephenie Meyer? Eu não sei o suficiente sobre as crenças mórmons para ver isso naquele contexto. O que eu vi lá foi romance feminino. E eu não quero dizer isso numa maneira pejorativa. Eu vi a mesma coisa que funciona no trabalho de Charlotte e Emily Brontë, a ideia de uma jovem e vulnerável mulher se apaixonando por uma pessoa essencialmente mais velha, mais forte e misteriosa. Em Jane Eyre, Sr. Rochester é ameaçador, mas ele também é protetor e amável, e acaba sendo totalmente submisso e domado por Jane.
E é isso que eu realmente vi em Twilight, nos dois filmes que eu vi. A jovem garota se apaixona por esse rapaz que é capaz de matar pessoas, ele é um vampiro, mas ele realmente a ama e a protege. E é a mesma velha história. É claro, tem havido muita escrita no mundo sobre porque aquele romance em particular dá certo. É sobre uma jovem e sua relação com seu pai, como as pessoas têm discutido? É sobre a fêmea mais fraca apaixonada pelo macho mais forte? Existem muitas camadas de significado profundo, e eu acho que Stephenie Meyer tocou nisso de novo nos livros Twilight. E ela teve essa sacada de gênio ao fazer esses vampiros vacilantes irem para o ensino médio. [risos] O que, de uma forma, eu achei que foi incrivelmente ridículo. Por que qual imortal passaria seu tempo indo para a escola de novo e novo daquele jeito? Vá para Katmandu ou Memphis ou Rio De Janiero ou Roma! Mas foi uma saca de gênio, porque isso deu prazer a milhões de garotos. Então isso é muito interessante. Mas eu acho que o que faz com que isso dê certo é aquela velha e boa fórmula do romance feminino, que é enraizada na psicologia.
Há um certo martírio nos vampiros de Twilight — os vampiros bons praticam meio que castidade ao se absterem de matar e dos prazeres do mundo. Então eles se tornam quase-santos, a despeito de sua natureza.
Eu realmente acho, todavia, que isso existe ao longo de toda a literatura vampírica. Qualquer livro sobre vampiros, seja a série True Blood da HBO, de Charlaine Harris, ou Stephenie Meyer ou meus livros, nós sempre temos esses personagens lutando com seus desejos, se abstendo, se tornando castos, é o que os faz complicados e interessantes. E os vampiros em True Blood tentam beber aquela porcaria da garrafa ao invés de matar pessoas. E nós sempre os aplaudimos, porque isso é uma metáfora de como nós nos esforçamos contra nossos próprios impulsos destrutivos. Mas entendo o que você quer dizer. Quero dizer, ela faz isso de uma forma bem floreada ao ter aquela boa família tão devotada ao próximo e tão abstinente e daí em diante. Talvez seja feito tão claramente lá para os leitores mais jovens.
Eu li alguns livros dela e essa mulher é uma gênia escrevendo, O Vampiro Lestat e O cantico de Sangue são dois ótimos livros. E concordo plenamente com a visão dela de Twilight.
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